Biografias

Biografia de Viswanathan Anand

A ascensão de Anand no mundo do xadrez indiano foi meteórica. Sucessos de nível nacional cedo apareceram, em 1983, quando aos catorze anos de idade venceu o campeonato de xadrez indiano (categoria sub-júnior) com um registo de 9/9. Tornou-se o indiano mais jovem de todos os tempos a obter o título de Mestre Internacional com quinze anos, em 1984. Com dezesseis anos tornou-se campeão nacional, título que ganhou mais duas vezes. Por também disputar suas partidas na velocidade blitz (o tempo para terminar o jogo é muito reduzido, 5 minutos), ganhou a alcunha de "Lightning Kid" ("rapaz-relâmpago", uma vez que na Índia em vez de se utilizar o termo blitz, utiliza-se o termo lightning). Em 1987, foi o primeiro indiano a ganhar o Campeonato do mundo de xadrez júnior. Aos dezoito anos tornou-se o primeiro Grande Mestre indiano.
Anand, apareceu nos maiores escalões do xadrez no início da década de 1990, ganhando torneios de prestígio como o Reggio Emilla em 1991 (à frente de Garry Kasparov e Anatoly Karpov, que estavam em grande forma). Apesar de jogar em tão alto nível, não abrandou, continuando a jogar na velocidade blitz.

Entre os seus sucessos mais recentes em torneios contam-se a vitória em Dortmund em 2004, bem como as vitórias em 2003 e 2004 no prestigiado Torneio Corus, realizado na cidade holandesa de Wijk aan Zee.
Anand tem estado no top-cinco do ranking já há uma década, sendo a maior parte desse tempo passado no top-três. Anand tem sido o jogador não russo mais forte desde Bobby Fischer. Como Fischer, também Anand ganhou por três vezes o Chess Oscar (literalmente, Oscar do xadrez, um importante prémio que distingue anualmente um jogador de xadrez encarado como superior aos outros nesse ano), nos anos de 1997, 1998 e 2003.

Biografia de Vladimir Kramnik

Vladimir Borisovich Kramnik (em russo Владимир Борисович Крамник, transliteração Vladimir Borisovič Kramnik; 25 de junho de 1975, Tuapse, Rússia) é um grande mestre atual de xadrez.
Kramnik aprendeu os conceitos mais básicos do xadrez aos 5 anos de idade, sendo treinado por um tempo pelo pai, Zeshkovsky. Kramnik conseguiu seu título de mestre internacional quando tinha apenas 11 anos, e conseguiu seu primeiro grande título na carreira em 1995.
Em 1992 foi apontado por Garry Kasparov, campeão mundial na época e que reconhecia a habilidade de Kramnik, como um possível aspirante ao título do mundo, para integrar a equipe russa nas Olimpíadas de Xadrez de Manila. Vladimir conseguiu 8,5 dos 9 pontos possíveis e conquistou o título de Grande Mestre Internacional de Xadrez.

O estilo de jogo de Kramnik é prudente e extremamente precavido, assim sendo não gosta muito de assumir riscos no tabuleiro. Esse estilo faz com que perca um número reduzido de partidas.
Considerado por muitos, juntamente com Viswanathan Anand, um forte candidato a tirar o título mundial de Kasparov, conseguiu o feito em 2000, sendo até hoje o campeão mundial de xadrez pela WCC (Conselho Mundial de Xadrez), que é uma entidade dissidente da FIDE (Federação Internacional de Xadrez), órgão máximo do xadrez mundial. Kramnik está em sexto lugar no Rating da FIDE.
Entre 25 de novembro e 5 de dezembro de 2006 Kramnik enfrentou o computador Deep Fritz e foi derrotado, perdendo 2 partidas e empatando 4. Na primeira derrota, Kramnik, concentrado apenas no flanco da dama onde um peão passado poderia levá-lo a vitória, deixou passar a possibilidade de Fritz aplicar-lhe mate na jogada seguinte e perdeu um jogo que poderia ter ao menos empatado facilmente.

Biografia de Garry Kasparov

Garry Kasparov (em russo: Га́рри Ки́мович Каспа́ров; pronúncia russa AFI: [ˈɡarʲɪ ˈkʲiməvʲɪtɕ kɐˈsparəf], nascido Garry Kimovich Weinstein, Baku, 13 de abril de 1963) é um Grande Mestre e ex-campeão mundial de xadrez, escritor e ativista político nascido na República Socialista Soviética do Azerbaijão, União Soviética (atual Azerbaijão). É considerado por muitos o maior enxadrista de todos os tempos.
Kasparov foi o jogador mais novo a se tornar campeão mundial de xadrez em 1985, quando tinha 22 anos. Manteve o título mundial oficial da Federação Internacional de Xadrez até 1993, quando uma disputa com a FIDE levou-o a criar uma organização rival, a Professional Chess Association. Ele continuou a vencer o Campeonato Mundial de Xadrez Clássico até ser derrotado por Vladimir Kramnik em 2000. Garry também é largamente conhecido por ser o primeiro campeão mundial de xadrez a perder uma partida para um computador, quando perdeu para o Deep Blue em 1997.

As conquistas de Kasparov incluem ser classificado como o número um do mundo de acordo com o rating ELO quase continuamente de 1986 até sua aposentadoria em 2005 e por sustentar a classificação mais alta de todos os tempos, de 2851. Ele mantém, também, o recorde de Chess Oscars, tendo recebido o prêmio onze vezes.
Entre 1984 e 1990, Kasparov foi membro do Comitê Central de Komsomol e membro do Partido Comunista da União Soviética. Ele anunciou sua aposentadoria do xadrez profissional em 10 de março de 2005, para dedicar seu tempo à política e à escrita. Formou o movimento United Civil Front, e tornou-se membro do The Other Russia, uma coalizão de oposição à administração de Vladimir Putin. Ele foi candidato para presidente nas eleições de 2008, mas depois desistiu. Embora altamente considerado, no Oriente, como um símbolo de oposição a Putin, o apoio de Kasparov na Rússia era fraco.
Em 14 de abril de 2007 Kasparov foi preso com quase outras 200 pessoas ao participar de um protesto contra o Kremlin, e ficou detido por cerca de dez horas, além de ter sido multado em mil rublos. Em novembro do mesmo ano, foi novamente preso, em um protesto contra Vladimir Putin e ficou detido desta vez por cinco dias.

Biografia de Anatoly Karpov

Sagrou-se campeão mundial juvenil em 1969 e obteve o título de Grande Mestre em 1970. Ao vencer o Torneio Interzonal de Leningrado (1973), qualificou-se para disputar, no ano seguinte, o Torneio de Candidatos, que consistia em uma série de matches eliminatórios cujo vencedor apontaria o desafiante ao título mundial. Karpov derrotou, sucessivamente, a Lev Polugaevsky, Boris Spassky e Viktor Korchnoi, obtendo assim o direito a um match pela coroa suprema contra o então campeão, o legendário estado-unidense Bobby Fischer.
Fischer, todavia, desistiu de disputar a final, pois não concordava que o match tivesse um número determinado de jogos. A proposta de Bobby Fischer era de que se sagrasse campeão quem obtivesse primeiro nove vitórias, sem limite de número de jogos. Diante da desistência do campeão, o presidente da FIDE (Federação Internacional de Xadrez) à época, o ex-campeão mundial Max Euwe, proclamou Karpov campeão. Karpov tornou-se, assim, o primeiro campeão mundial de xadrez a ganhar o título sem disputar uma final.
Nos anos seguintes Karpov foi um participante assíduo nos principais torneios, vencendo-os quase sempre. Confirmava, desta forma, que merecia o título de campeão.
Em 1978, em Baguio City (Filipinas) e em 1981, em Merano (Itália), Karpov manteve o título máximo derrotando a Korchnoi, que fora o vencedor do Torneio de Candidatos em 1977 e em 1980.

Biografia de Boris Spassky


Boris Vasilievich Spassky, em russo Бори́с Васильевич Спасский, (Leninegrado, 30 de Janeiro de 1937) é um jogador de xadrez russo naturalizado francês e, antigo campeão mundial.
Aprendeu a jogar xadrez aos cinco anos de idade e, aos 18 ganhou o Campeonato do mundo de xadrez júnior, disputado na cidade belga de Antuérpia, e tornou-se grandmaster (grande mestre, distinção atribuída no mundo do xadrez segundo critérios muito restritos).
Spassky era considerado um jogador equilibrado podendo adaptar o seu estilo de jogo ao adversário, o que lhe conferiu uma boa vantagem para levar de vencida muitos grandmasters de topo. Por exemplo, no match final do torneio dos candidatos (onde o vencedor será o contendor do campeão do mundo em título, disputando-lhe o título) contra Mikhail Tal o táctico lendário (Tbilisi, 1965), Spassky consegui conduzir o jogo evitando a força da táctica de Tal. Esta vitória conduziu-o para o seu primeiro match pelo Campeonato do Mundo contra Tigran Petrosian em 1966. Spassky acabou por perder por 12,5 – 11,5, mas ganhou o direito a desafiar Petrosian novamente três anos depois. Mais uma vez, a flexibilidade do estilo de Spassky foi a chave para a vitória que acabou por celebrar contra Petrosian, por 12,5 – 10,5, no campeonato de 1969 – ao adoptar o estilo de Petrosian.
O reinado de Boris Vasilievich Spassky como Campeão do Mundo durou apenas três anos, uma vez que perder o título para o americano Bobby Fischer em 1972, no denominado "Match do Século". A disputa foi em Reiquiavique, capital da Islândia, no auge da Guerra Fria e consequentemente foi vista como um símbolo da confrontação política existente. Fischer ganhou e Spassky voltou para a URSS em desgraça, apesar disso Spassky continuou a jogar ganhando vários campeonatos incluindo o Campeonato Soviético em 1973.
Em 1974, no apuramento dos candidatos, Spassky perdeu para a estrela em ascensão Anatoly Karpov em Leningrado, +1 -4. Karpov reconheceu publicamente a superioridade de Spassky, mas após uma série de jogos soberbos, Karpov conquistou os pontos suficientes para conquistar o match.
Nos anos seguintes Spassky mostrou-se relutante a dedicar-se totalmente ao xadrez. Confiando no seu talento natural soberbo para o jogo, e por vezes preferia jogar uma partida de ténis, em vez de trabalhar afincadamente no tabuleiro. Com efeito, o Campeonato Mundial de 1972 e o match dos candidatos contra Karpov em 1974 assinalaram o início duma fase descendente da carreira de Spassky. Spassky casou-se com uma senhora francesa na década de 1970, adquirindo a nacionalidade francesa em 1978.
Em 1992 Fischer, após um afastamento de 20 anos do xadrez, reapareceu para jogar contra Spassky em Belgrado e Montenegro, reeditando o Campeonato Mundial de 1972. Na altura, Boris Spassky ocupava a 106ª posição no ranking da FIDE, enquanto Fischer, devido à sua inactividade durante 20 anos, nem aparecia na lista. Este match foi basicamente o último grande desafio de Boris, infelizmente problemas de saúde não lhe permitiram apresentar uma performance credível exceptuando em algumas partidas – o resultado foi +5 -10 =15.

Biografia de Tigran Petrosian

Tigran Vartanovich Petrosian, em armênio) Տիգրան Վարդանի Պետրոսյան (Tíflis, Geórgia, 17 de junho de 1929Moscovo, 13 de agosto de 1984) foi um jogador de xadrez e Campeão do Mundo da modalidade.

Os seus resultados no torneio trienal, que determina o jogador que se bate com o campeão do mundo pelo título da modalidade, demonstram uma sólida evolução: 5º em Zurique em 1953; 3º lugar partilhado em Amsterdão em 1956; 3º na Jugoslávia em 1959; 1º em Curaçao em 1962. Em 1963 derrotou Mikhail Botvinnik com o resultado 12,5 – 9,5 tornando-se campeão do mundo de xadrez.
Petrosian defendeu o seu título em 1966, derrotando Boris Spassky por 12,5 – 11,5. Contudo, em 1969, o mesmo Spassky derrotou-o por 12,5 – 10,5. Em 1968, a universidade de Yerevan concedeu-lhe um mestrado, tendo Tigran apresentado a tese "Lógica no Xadrez".
Tigran Vartanovich Petrosian foi o único jogador a ganhar um jogo a Bobby Fischer durante os últimos jogos do torneio de candidatos de 1971, acabando com a sequência impressionante de Fischer de dezenove vitórias consecutivas (6 ainda nos jogos do agrupamento Interzonal, 6 frente a Mark Taimanov, 6 frente a Larsen e ainda o primeiro jogo do seu match).
O seu nome baptiza duas importantes aberturas: a variação de Petrosian da Defesa Indiana de Rei (1. d4 Nf6 2. c4 g6 3. Nc3 Bg7 4. e4 d6 5. Nf3 O-O 6. Be2 e5 7. d5) e também a na Indiana da Dama (1. d4 Nf6 2. c4 e6 3. Nf3 b6 4. a3).

Biografia de Mikhail Tal

Mikhail Nekhemievich Tal, em russo Михаил Нехемиевич Тал e em letão Mihails Tāls, (Riga, 9 de novembro de 1936Moscou, 28 de junho de 1992) foi um enxadrista soviético conhecido pelo seu estilo agressivo de jogo e o oitavo campeão do Mundo de Xadrez.
Conhecido como "O Mago de Riga", Tal pode ser considerado como um clássico jogador de ataque, com um jogo extremamente poderoso e cheio de recursos. A sua forma de encarar o tabuleiro era bastante pragmática a este respeito. Ele foi um dos herdeiros do ex-campeão mundial Emanuel Lasker, pois não hesitava em sacrificar material de forma a conquistar a iniciativa (que em xadrez se define como a capacidade de fazer ameaças a que o oponente deve responder) do jogo. O seu primeiro e mais influente treinador foi Alexander Koblentz.
O estilo de jogo de Mikhail Tal foi reduzido, pelo também ex-Campeão Mundial Vasily Smyslov, a um conjunto de "truques", contudo Tal bateu convincentemente todos os GMs recorrendo a sua habitual agressividade (Viktor Korchnoi é um dos poucos com um registo assinalavelmente positivo nos confrontos com Tal). Os sacrifícios intuitivos a que Mikhail Tal recorria criavam fortes complicações, parecendo mesmo impossíveis de resolver a muitos mestres os problemas que Tal criava no tabuleiro, embora análises pós-jogo mais profundas encontrassem falhas nos seus raciocínios.
Acima de tudo Tal amava o jogo em si mesmo e considerava que o "Xadrez, antes de mais, é Arte." Era capaz de jogar numerosos jogos blitz contra desconhecidos ou jogadores relativamente fracos apenas pelo prazer de jogar!
O domínio de Mikhail Tal sobre Bobby Fischer nos seus primeiros anos ajudou a sua subida ao topo. Em 1960, com 24 anos de idade, Tal derrotou o estratega Mikhail Botvinnik num match decidindo o Campeonato do Mundo, fazendo-o o mais jovem campeão do mundo de sempre (um recorde posteriormente batido por Garry Kasparov, que arrebatou o título aos 22). Em 1961, Botvinnik ganhou o match de desforra contra Tal, após um demorado estudo do estilo do adversário. Os problemas crónicos de rins que apoquentavam Mikhail Tal podem também ter contribuído para a sua derrota.
Um dos grandes feitos da fase mais tardia da carreira de Tal foi, em 1979, a igualdade no primeiro lugar com Anatoly Karpov no "Torneio das Estrelas" em Montreal – onde teve prestações soberbas contra os mais fortes grandmasters da época.
Dos actuais jogadores de topo, o letão naturalizado espanhol Alexei Shirov é provavelmente o mais influenciado, ou inspirado, pelo estilo pleno de sacrifícios de Mikhail Tal. De facto, na sua juventude ele estudou com Tal. Muitos outros mestres e grandmasters letonianos, por exemplo Alexander Shabalov e Alvis Vitolins, têm jogado de forma similar, fazendo alguns falarem de uma "Escola Letã de Xadrez".

Biografia de Vasily Smyslov

Smyslov foi cantor (tinha uma boa voz de barítono), só se decidindo por uma carreira no xadrez ao não conseguir ser aceito no Teatro Bolshoi, após uma audição, em 1950. Posteriormente, chegou a dar recitais durante torneios de xadrez, frequentemente acompanhado pelo também GM e pianista Mark Taimanov.
Ele participou em 1948 do torneio (Campeonato do Mundo de Xadrez) organizado para determinar quem ganharia o título de campeão, sucedendo ao falecido Alexander Alekhine, acabando em segundo lugar atrás de Mikhail Botvinnik. Após triunfar no torneio dos candidatos em 1953 em Zurique, ganhou o direito a jogar um match com Botvinnik no ano seguinte. Este match acabou empatado, o que implicava a conservação do título por Botvinnik. Voltaram a jogar em 1957 (Smyslov ganhara novamente o torneio de candidatos, realizado em 1956 em Amsterdam) triunfando Smyslov e tornando-se campeão mundial pelo resultado de 12,5 – 9,5. No ano seguinte Botvinnik exerceu o seu direito à desforra recuperando o título com o resultado de 12,5 – 10,5.
Smyslov não voltou a qualificar-se para outra final do Campeonato do Mundo, mas continuou a jogar nas provas de qualificação. Em 1983 foi até à final dos candidatos (o match que determina com o campeão, na altura Anatoly Karpov), perdendo por 8,5 – 4,5 com o futuro campeão Garry Kasparov. Nas eliminatórias anteriores tinha defrontado Zoltan Ribi (na meia-final, com o resultado de 6,5 – 4,5) e Robert Hübner (nos quartos de final, com o resultado de 7 – 7, tendo sido a roleta a decidir o jogador a avançar).
Em 1991 ganhou o primeiro Campeonato Mundial de Xadrez Sénior, e tem posto em acção sobre o tabuleiro os seus dotes em jogos não competitivos, desde um torneio realizado em 2001 em Amsterdam, o Klompendans Veterans versus Ladies. O seu rating ELO após o evento cifrava-se em 2494.
Smyslov é conhecido pelo seu estilo posicional e, em particular, pela qualidade com que dirige os seus finais.

Biografia de Bobby Fischer


O mais polêmico e, possivelmente o maior enxadrista de todos os tempos, Robert James ("Bobby") Fischer, dominou seus contemporâneos e estabeleceu-se como lenda viva antes mesmo de abandonar os torneios e matches após conquistar o título mundial contra Spásski. Antes disso, alcançara o rating mais alto, 2 870, da FIDE-Elo, baseado em seus resultados totais; venceu sucessivas eliminatórias de candidatos contra grandes-mestres de categoria internacional como Taimanov e Larsen por 6 a 0 e, por causa de um terrível descuido e uma penalidade, deu a Spásski duas partidas de vantagem na série pelo título mundial antes de derrotá-lo com alguma facilidade.
Fischer aprendeu a movimentação das peças aos seis anos de idade, mas sua primeira grande oportunidade como jovem enxadrista veio quando sua mãe decidiu instalar-se no Brooklyn. A popularidade do xadrez em Nova York, com os grandes clubes Manhattam e Marshall e uma infinidade de bares dedicados ao jogo, tem se mostrado um ambiente estimulante para vários grandes-mestres norte-americanos em potencial, e Fischer modelou seu jogo com incessantes partidas relâmpago aliadas ao estudo da literatura referente ao xadrez soviético. O resultado desse treinamento intensivo e do total abandono dos estudos escolares para dedicar-se ao xadrez foi uma conquista única em torneios: Fischer tornou-se campeão masculino dos Estados Unidos aos catorze anos de idade.
Provavelmente, naquela época Fischer não sabia quão íngremes eram os degraus restantes para o título mundial, detido então pelo envelhecido Botvinnik, quando se qualificou para o Torneio de Candidatos na primeira tentativa e se tornou, aos quinze anos, o grande-mestre mais jovem de todos os tempos. A sólida falange dos soviéticos superou facilmente seu rival menos experiente em 1959 e 1962 e Fischer requisitou então, com sucesso, que o sistema fosse modificado, passando de um torneio para uma série de eliminatórias entre os oito desafiantes finais. Foi com esse novo sistema que, em 1971, ele passou por todos os seus rivais e derrotou Spásski no ano seguinte.

O grande público há de lembrar-se de Bobby mais por suas excentricidades e rixas do que por seu estilo excepcional. Sua partida contra Reshevsky, em 1961, terminou com um escândalo e um processo judicial, e ele abandonou o Interzonal de 1967 quando estava à frente de todos por causa de uma disputa relativa à tabela do torneio. Só voou para a Islândia, onde deveria enfrentar Spásski, depois que o patrocinador britânico dobrou seu cachê de 50000 libras, e não abandonou o match contra Spásski por interferência pessoal do secretário das Relações Exteriores norte-americano Henry Kissinger. Finalmente, Fischer abdicou do título mundial sem qualquer briga quando a FIDE recusou sua proposta de declarar vencedor o primeiro que ganhasse dez partidas, sendo que o empate de 9 a 9 manteria o título nas mãos do campeão.

As exigências financeiras de Fischer eram incríveis. Tanto o match projetado contra Karpov quanto a partida de retorno contra Gligoric em 1979 - que também não deu em nada - sairiam por um milhão de dólares ou mais. Apesar das afirmações de que as cotas de Fischer beneficiavam também os mestres comuns, havia um enorme contraste entre essas somas e aquelas em jogo nos torneios internacionais costumeiros. Depois, havia ainda suas implicâncias relacionadas à luz, ao barulho dos espectadores e outros detalhes associados ao jogo evidente que Fischer, a essa altura, chegara a um estado onde o medo da derrota e de jogar em público dominavam seu pensamento. O que poderia realçar mais sua reputação lendária do que uma vitória contra Karpov? Talvez circunstâncias financeiras desfavoráveis forcem-no a jogar novamente, mas o mais provável é que Fischer permaneça, junto com Morphy, como o único grande-mestre a abandonar completamente o xadrez no auge da fama. O que pode o enxadrista comum aprender com Bobby Fischer? Primeiramente, a vontade de vencer. O instinto lutador de Fischer fazia-o continuar em busca de oportunidades de vitória mesmo em posições onde a maioria dos mestres teria se contentado com o empate. Sua resposta às ofertas de empate prematuro era "claro que não". Era fisicamente difícil jogar contra ele; seus olhos fundos e hipnóticos e seus traços aquilinos fixavam-se apaixonadamente no tabuleiro, de onde raramente se levantavam para observar outras partidas. Fischer tem braços e dedos longos que usava para tomar as peças adversárias, quando as capturava, como uma ave de rapina. A vontade de vencer permitiu-Ihe chegar à frente de seus adversários por margens recordes e esperava-se sempre uma marca de 100 por cento. Apenas Alekhine tinha semelhante fanatismo mas, ao contrário dele, Fischer sempre se mantinha em boa saúde quando enxadrista ativo.

Tecnicamente, Fischer conhecia em profundidade as linhas de abertura agudas que analisava incessantemente antes dos torneios; nas posições simples, sua estratégia era tão pura e límpida, para chegar a seu objetivo, quanto a de Capablanca. Empregava seu conhecimento das aberturas especialmente bem com as brancas, quando ganhava tipicamente a iniciativa e o controle espacial para então comprimir o adversário cada vez mais na defesa até que sua resistência ruísse. Entre 1966 e 1970, encontrava-se praticamente aposentado, mas quando apareceu no "Match do Século", em que o time soviético venceu por pouco um selecionado do resto do mundo, jogou imediatamente uma partida digna de seu estilo contra Petrossian.

Parte da razão do imenso interesse do público por Fischer era sua capacidade de produzir suas melhores e mais espetaculares partidas nas ocasiões mais importantes. Isso ocorreu quando se encontrou mais uma vez frente a Petrossian, no ano seguinte, em Buenos Aires, para a eliminatória final na série pelo título de campeão mundial, de onde sairia o desafiante de Boris Spásski. Quando Fischer começou ganhando, a publicidade mundial cresceu, e multidões tomaram o salão para dar uma espiada nos grandes-mestres. Fischer respondeu com uma das melhores partidas de sua vida, cujos estágios finais ilustram o poder de seu final favorito: torre(s) e bispo superando torre(s) e cavalo no tabuleiro aberto.

Biografia de Mikhail Botvinnik

Mikhail Botvinnik (em russo Михаи́л Моисе́евич Ботви́нник), nasceu no Grão-ducado da Finlândia, então parte do Império Russo na localidade de Kuokkala, hoje chamada Repino, no Óblast de Leningrado. Apareceram notícias suas no mundo do xadrez quando tinha apenas catorze anos e derrotou o campeão mundial, José Raúl Capablanca.

Progredindo de forma rápida, aos vinte anos de idade já Botvinnik era um mestre soviético de mérito firmado, tendo vencido pela primeira vez o Campeonato Soviético em 1931. Este feito repetiu-se nos anos de 1933, 1939, 1941, 1945 e 1952.
Aos 24 anos, Mikhail Botvinnik competia de igual para igual com a elite mundial, acumulando sucessos em torneios internacionais em alguns dos torneios mais fortes da época. Podemos referir as vitórias em Moscovo em 1935 (empatado com Salo Flohr e deixando para trás Emanuel Lasker e Capablanca) e em Nottingham em 1936, para além do prestigioso terceiro lugar (atrás de Reuben Fine e Paul Keres) no torneio AVRO em 1938.
Sem surpresa, Botvinnik continuou a sua senda de sucesso e deteve o título de Campeão do Mundo em três períodos distintos (1948-57, 1958-60 e 1961-63). A sua longa permanência na elite mundial do xadrez é atribuída à sua impressionante dedicação ao estudo. A preparação dos jogos e a sua análise posterior não eram armas que os seus antecessores esgrimissem, sendo contudo este estudo que conferia a Botvinnik muita da sua força. A técnica em vez da tática, perícia no final em vez das armadilhas nas aberturas.
Adoptou e desenvolveu linhas sólidas de aberturas na Nimzo-Indiana, Defesa Eslava e Defesa Francesa, que se aguentaram perante vários testes, sendo-lhe possível concentrar-se num pequeno repertório de aberturas durante os seus match’s mais importantes, permitindo-lhe frequentemente encaminhar o jogo para temas bem preparados. Por várias vezes defrontou, em encontros de treino "secretos", mestres do calibre de Flohr, Yuri Averbakh e Viacheslav Ragozin. Foi o desvendar, muitos anos depois, dos detalhes destes encontros, que proporcionou aos historiadores do xadrez uma abordagem inteiramente nova ao reinado de Botvinnik.
É talvez surpreendente que Mikhail Moiseyevich Botvinnik não seja solidamente apontado como um concorrente ao título de melhor jogador de todos os tempos.
Por um lado, os seus feitos foram indubitavelmente impressionantes e deve ser recordado que muitos dos seus rivais, os mais jovens Paul Keres, David Bronstein, Vasily Smyslov, Mikhail Tal e Tigran Petrosian eram, por mérito próprio, jogadores formidáveis. Ele ainda iniciou uma nova forma de encarar o xadrez, com a sua forma de treino e profunda preparação das aberturas.
Por outro lado, os críticos apontam o fato de raramente aparecer em torneios após a Segunda Guerra Mundial e o seu registo fraco em match’s do campeonato do mundo – duas derrotas, das quais conseguiu recuperar o título na desforra, tendo lutado para conseguir empatar os outros dois match’s. Muitos consideram ainda que o jogo de Botvinnik era baseado na precisão dos movimentos, em vez de o ser nas jogadas intuitivas ou espetaculares – embora o jogador, de classe mundial, Reuben Fine tenha escrito que a coleção dos melhores jogos de Botvinnik era uma das "três mais belas".
Três fatores contrinbuíram para o seu registo algo inconsistente. A Segunda Guerra Mundial rebentou exatamente quando Botvinnik entrou no seu melhor período – ele poderia ter sido campeão mundial 5 anos mais cedo, se a guerra não tivesse interrompido as competições internacionais de xadrez. Ele foi o único enxadrista de classe mundial que tinha em simultâneo com a sua atividade no xadrez, uma distinta e longa carreira noutro área – o governo soviético condecorou-o pelos seus feitos em engenharia, e Fine contava uma história que mostrava que Botvinnik estava igualmente comprometido com a engenharia e o xadrez. Finalmente, os campeões do mundo anteriores estavam livres para evitar os seus concorrentes mais fortes, da mesma forma que se passa com os pesos pesados do boxe atualmente – Botvinnik foi o primeiro campeão a ter de enfrentar os seus concorrentes mais fortes de três em três anos, e ainda assim conservou o título mais tempo que qualquer um dos seus sucessores excetuando Garry Kasparov.

Dos anos 1960 em diante, Mikhail Botvinnik preferiu, em vez da competição, dedicar-se ao desenvolvimento de programas de xadrez para computador e assistir e treinar jogadores mais novos – os três famosos K’s soviéticos Anatoly Karpov, Garry Kasparov e Vladimir Kramnik foram três dos seus muitos estudantes.

Biografia de Max Euwe

Machgielis (Max) Euwe (Amsterdã, 20 de maio de 1901 — Amsterdã, 26 de novembro de 1981) foi um enxadrista neerlandês e o quinto jogador a ganhar o título de Campeão do Mundo de Xadrez.

O Dr. Max Euwe estudou matemática na Universidade de Amesterdão, tendo depois leccionado matemática, primeiramente em Roterdão e posteriormente num liceu para raparigas em Amesterdão. Aplicou os seus conhecimentos em matemática ao estudo de jogos de xadrez infinitos.
Em 1921 sagrou-se campeão neerlandês de xadrez, conservando o título até 1935. Tornou-se campeão amador de xadrez corria o ano de 1928. A 15 de Dezembro de 1935, depois de 30 jogos disputados em 13 cidades diferentes num período de 80 dias, derrotou o campeão do mundo em título Alexander Alekhine, conquista que muito impulsionou o desenvolvimento do xadrez nos Países Baixos.
Em 1937, Euwe perdeu o título para Alekhine. Após a morte de Alekhine, em 1946, considerava-se que Euwe teria o direito moral à posição de campeão mundial, mas ele assentiu em participar num torneio com cinco competidores pelo título de novo campeão do mundo, torneio esse que se disputou em 1948, tendo Max Euwe acabado em quinto.
Apesar de ser mais velho quarenta anos que Bobby Fischer, Euwe ainda teve a energia e a resistência suficientes para manter o equilíbrio nos resultados entre ambos (+1 -1 =1).

Entre 1970 e 1980, foi presidente da FIDE, tendo desempenhado um papel importante na organização do famoso match entre Boris Spassky e Bobby Fischer.
Euwe escreveu muitos livros sobre xadrez, dos quais os mais conhecidos são Oordeel en Plan e uma série sobre aberturas.
Em Amesterdão existe a Max Euwe Plein (praça Max Euwe, próximo da Leidseplein).

Biografia de Alexander Alekhine

Alexander Alexandrovich Alekhine (em russo: Александр Александрович Але́хин) (31 de Outubro ou 1 de Novembro de 1892, Moscovo, Rússia - 24 de Março de 1946, Estoril, Portugal) foi um jogador de xadrez franco-russo de grande nível, conhecido pelo seu estilo marcadamente atacante e campeão mundial de xadrez durante 17 anos.
Alekhine nasceu no seio de uma família abastada, o pai era proprietário de terras e membro da Duma, enquanto que a mãe era filha de um rico industrial. Foi a mãe que ensinou a Alexander e ao seu irmão a jogar xadrez, em 1903.
O primeiro feito de Alekhine no mundo de xadrez foi em 1909, aos dezessete anos, quando venceu o torneio russo de xadrez para amadores, disputado em São Petersburgo, com um resultado de doze vitórias, dois empates e duas derrotas. Este torneio foi disputado em simultâneo com o de profissionais, ganho por Emanuel Lasker e Akiba Rubinstein. A vitória valeu a Alekhine o título de mestre nacional. Mais tarde neste ano, nos Estados Unidos, o cubano José Raúl Capablanca, na altura com 23 anos de idade, chocou os jogadores americanos ao esmagar Frank Marshall. As vidas de Capablanca e Alekhine iriam cruzar-se em breve.
Em 1914, após ser disputado um torneio em São Petersburgo, Alekhine e Capablanca pertenciam ao grupo dos cinco primeiros jogadores a ganhar o título de grandmaster. Alekhine era bastante cosmopolita, viveu em vários países e falava russo, alemão, francês e inglês.

Depois da Revolução Russa, em 1919, foi dado como suspeito de espionagem e preso em Odessa. Ao ser libertado mudou-se para França em 1921, onde, quatro anos depois, adquiriu a cidadania e entrou na faculdade de Direito da Sorbonne. Apesar da sua tese sobre o sistema prisional chinês não ter sido terminada, ficou conhecido como Dr. Alekhine para o resto da sua vida.
Em 1927 arrebatou a Capablanca o título de campeão do mundo de xadrez. Apesar de acordado nas condições impostas para que o match decorresse que haveria direito a desforra, Alekhine recusou-se a jogar a desforra, em vez disso jogou dois matches contra Efim Bogolyubov, que não era da mesma craveira (Capablanca tinha um registo de 5-0 contra ele). Alekhine recusou-se mesmo a jogar os mesmo torneios que o seu rival (Capablanca).
No ano de 1935 perdeu o título para Max Euwe, uma derrota que foi atribuída ao consumo abusivo de álcool por parte de Alekhine. Em 1936, visto já não ser campeão do mundo, Capablanca ganhou o torneio de Nottingham, vencendo Alekhine no jogo que disputaram e o torneio (empatado com Mikhail Botvinnik). Após abandonar o vício conseguiu brilhantemente reconquistar o título e mostrar mais uma vez que era o melhor do mundo frente a Euwe em 1937, com uma vantagem confortável.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Alekhine jogou em diversos torneios na Alemanha e em territórios ocupados por esta nação. Em 1941 apareceram artigos anti-semitas intitulados Aryan and Jewish Chess, sob o seu nome no Pariser Zeitung. Apesar de investigações intensas, não se conseguiu comprovar se os artigos foram mesmo escritos por Alekhine. Após a guerra foi considerado persona non grata pelos organizadores de torneios.
Alekhine veio a falecer num hotel do Estoril em Portugal, enquanto se preparava para um match para defender o seu título de campeão do mundo contra Botvinnik. Pensa-se que a sua morte, um assunto muito controverso e ainda debatido, se deva ou a um ataque cardíaco, ou a ter sufocado enquanto se alimentava. A este propósito alguns investigadores mais recentes apontam a hipótese de Alekhine ter sido espião (possivelmente alemão) durante a 2ª Guerra e ter sido vítima de homicídio (notar que Lisboa era então uma importante praça giratória da espionagem mundial). A FIDE financiou o funeral, e os seus restos mortais foram transferidos para o Cimetière du Montparnasse, em Paris, em 1956.

Alekhine foi o único campeão mundial a reter o título até a sua morte, em uma época em que esse título era tratado como uma propriedade privada do campeão, que podia escolher com quem ele seria disputado.

Alekhine estudava bastante, aparecendo o seu nome associado a várias aberturas. A Defesa Alekhine (1. e4 Cf6 na notação algébrica) é o exemplo mais sonante; também existe o ataque de Alekhine-Chatard (1. e4 e6 2. d4 d5 3. Nc3 Nf6 4. Bg5 Be7 5. e5 Nfd7 6. h4), um sacrifício na Defesa Francesa.

Também há uma partida que Alekhine jogou contra Aaron Nimzowitsch, que deu origem ao "Canhão de Alekhine".

Biografia de José Raúl Capablanca

Em 1909, aos vinte anos, Capablanca venceu o campeão dos Estados Unidos, Frank Marshall, uma vitória avassaladora com o resultado de oito vitórias, uma derrota e catorze empates. Note-se que Marshall era um jogador com qualidade suficiente para ter disputado um match pelo título de campeão do mundo apenas dois anos antes.Em 1911, persuadido por Marshall, Capablanca jogou o torneio de São Sebastião, Espanha, um dos mais importantes torneios do mundo na altura, veja-se que dentre os jogadores de topo da época apenas o campeão do mundo, Emanuel Lasker, não estava presente. Ossip Bernstein e Aaron Nimzowitsch discordaram da presença de Capablanca por este ainda não ter vencido um torneio de relevo, a resposta de Capablanca foi vencer a primeira ronda contra Bernstein, tendo este jogo conquistado o prémio de brilhantismo. Após isto, Bernstein ganhou um novo respeito por Capablanca e afirmou que não seria surpresa para ele se Capablanca viesse a ganhar o torneio. O jovem cubano levou facilmente de vencida Nimzowitsch em alguns jogos blitz que disputaram. Os mestres reconheceram que não havia quem levasse a melhor a Capablanca nas variantes rápidas do jogo. Capablanca venceu ainda Nimzowitsch naquele que foi considerado o jogo do torneio.
Capablanca surpreendeu o mundo do xadrez ao vencer o torneio com seis vitórias, uma derrota e sete empates, superando Akiba Rubinstein, Carl Schlechter e Siegbert Tarrasch.
Em 1911 Capablanca desafiou Lasker para disputarem o campeonato do mundo, este assentiu mas impôs dezessete condições para o match. Como Capablanca não acordou com estas condições o match acabou por não se disputar.

Em Setembro de 1913, Capablanca conseguiu lugar no Gabinete dos Negócios Estrangeiros cubano, onde não tinha qualquer tarefa senão jogar xadrez. Esta posição permitiu-lhe defrontar em vários jogos de exibição os melhores jogadores europeus, onde provou a sua superioridade.

Em 1914, num torneio em São Petersburgo, Capablanca encontrou Lasker no tabuleiro pela primeira vez, e, apesar de ter estado com uma vantagem de 1,5 pontos acabou por perder para Lasker, com 13 pontos contra os 13,5 deste, embora com larga vantagem para o terceiro classificado Alexander Alekhine.

Biografia de Emanuel Lasker

Emanuel Lasker (Berlinchen, 24 de dezembro de 1868Nova Iorque, 11 de janeiro de 1941) foi um jogador de xadrez e matemático alemão. Em 1894, Lasker derrotou Wilhelm Steinitz com um resultado de 10 vitórias, 4 empates e 5 derrotas, o que lhe permitiu tornar-se o segundo campeão mundial de xadrez, além disso foi o jogador que manteve este título durante mais tempo, 27 anos. O seu registo de vitórias em torneios inclui vitórias em Londres (1899), São Petersburgo (1896 e 1914), Paris (1900), Nova Iorque (1924) e Nuremberga (1896).
Em 1921, perdeu o título para o cubano José Raúl Capablanca. Apesar de, um ano antes, Lasker se ter proposto a desistir do título em favor de Capablanca, este quis conquistar o título no tabuleiro. Em 1933, Emanuel Lasker e a esposa, Martha Kohn, abandonaram a Alemanha (Lasker era judeu e temia os nazistas) rumo à Inglaterra, e após uma curta estadia na União Soviética acabaram por ir viver para Nova Iorque.
Lasker era conhecido pela sua abordagem "psicológica" ao jogo, por vezes escolhia uma jogada teoricamente inferior para tentar colocar o adversário "desconfortável". Num jogo famoso contra Capablanca (São Petersburgo em 1914), onde devia ganhar a todo o custo, escolheu uma abertura com propensão para empatar o jogo, o que fez o adversário baixar a guarda e permitiu a Lasker triunfar. Um dos jogos mais famosos de Lasker é o seu confronto com Bauer (Amsterdã 1889), onde sacrificou ambos os bispos, uma manobra que veio a repetir em vários jogos. O seu nome está associado a algumas aberturas, por exemplo a variação de Lasker do Gâmbito da Dama (1.d4 d5 2.c4 e6 3.Cc3 Cf6 4.Bg5 Be7 5.e3 O-O 6.Cf3 h6 7.Bh4 Ce4).
Lasker foi um distinto matemático, obtendo seu doutorado em Erlangen sob a orientação de David Hilbert. A sua tese de doutoramento Über Reihen auf der Convergenzgrenze foi publicada na revista Philosophical Transactions em 1901. Foi ainda filósofo e amigo de Albert Einstein. Também se dedicou ao Bridge, jogo em que, à semelhança do xadrez, se tornou um mestre.

Biografia de Wilhelm Steinitz

Wilhelm (mais tarde William) Steinitz (Praga, 17 de maio de 1836 - Nova Iorque, 12 de agosto de 1900) foi um enxadrista judeu do Império Austríaco e primeiro campeão do mundo de xadrez.
Conhecido pelas suas contribuições para o desenvolvimento de estratégia no xadrez, tendo sido as suas teorias tidas em grande conta por vários jogadores de xadrez, como por exemplo Aaron Nimzowitsch, Siegbert Tarrasch e Emanuel Lasker, Steinitz foi campeão mundial entre os anos de 1886 e 1894, conservando o título em quatro matches disputados contra Zukertort, Chigorin (por duas vezes) e Gunsberg. Perdeu dois matches com o seu sucessor, Lasker. Steinitz adoptou uma abordagem científica ao estudo do jogo, formulando as suas teorias em termos científicos e formulando também "leis".
Fora da sua actividade no xadrez, Steinitz praticava sapateado. Numa carta a um amigo pouco tempo antes da sua morte, Steinitz expressou o seu arrependimento por nunca ter desafiado o campeão mundial de sapateado, que na altura era o espanhol naturalizado americano Eduardo Corrochio. O seu amor à dança é um indicador da sua personalidade, um homem de paixões e amante de arte, consumido pelo desejo de competir e vencer.
Steinitz adquiriu a nacionalidade estadunidense a 23 de Novembro de 1888, depois de residir no estado de Nova Iorque durante cinco anos.
Diz-se que nos seus derradeiros dias, Wilhelm Steinitz ficou mentalmente perturbado, afirmando que havia jogado e vencido Deus num jogo de xadrez através de uma linha telefónica invisível. Emanuel Lasker, que arrebatou o campeonato a Steinitz disse numa ocasião, "Eu que derrotei Steinitz irei fazer justiça às suas teorias, e irei vingar os males que sofreu." Steinitz faleceu pobremente, um fato evidenciado por Lasker, que estava determinado a não seguir pelo mesmo caminho de Steinitz.

Biografia de Paul Morphy

Morphy era considerado um gênio, pois com apenas 12 anos de idade já adquirira um nível de jogo excepcional, bem como jogava partidas simultâneas "às cegas" (sem ver o tabuleiro).
Em 1850, com doze anos de idade, jogou três partidas contra o mestre húngaro Johann Löwenthal, que estava de passagem por New Orleans. Morphy venceu as três partidas (nota: uma das partidas foi dada incorretamente como empatada no livro de Löwenthal Morphy's Games of Chess e subseqüentemente copiada para outras fontes. David Lawson, na sua biografia de Paul Morphy, corrigiu este erro, fornecendo os movimentos que foram realmente jogados, e fez com que o histórico das partidas fosse corrigido).
Estudante de Direito e dotado de fantásticas capacidades de memorização, obtém seu diploma de advogado aos 19 anos. Jovem demais para exercer a profissão, ele decide se dedicar ao xadrez. Paul Morphy torna-se aos 20 anos o primeiro campeão dos EUA em Nova Iorque (1857). Seus compatriotas decidiram então organizar um encontro com Howard Staunton, o campeão britânico, melhor jogador europeu na época, mas este evitou sistematicamente o confronto. Morphy decide então viajar para a Europa, onde encontra e vence todos os grandes jogadores do Velho Continente, inclusive o vencedor do primeiro grande torneio europeu de Londres em 1851, Adolf Anderssen, que não opôs a resistência esperada: Morphy ganhou sete partidas, perdendo 2 e empatando 2 (1858).

Morphy retorna a Nova Iorque em 11 de maio de 1859, coberto de glórias por seus compatriotas. No entanto, ele decide abandonar o xadrez após uma decepção amorosa. Sua atividade enxadrística terá durado somente 18 meses!
A saúde mental de Morphy degrada-se pouco a pouco, e ele começa a sofrer delírios de perseguição e paranóia. Ele morre na sua banheira de um ataque cerebral com 47 anos.

Biografia de Howard Staunton

Howard Staunton (Londres, 1810 – Londres, 22 de junho de 1874) é considerado um dos maiores enxadristas britânicos do século XIX, bem como jornalista do enxadrismo e pesquisador das obras do dramaturgo William Shakespeare.
Era tido como o melhor jogador de xadrez do mundo entre 1843 e 1851, e hoje seu nome é mais freqüentemente lembrado pelo estilo das peças de xadrez que ele divulgou, o modelo Staunton.

Biografia de François-André Danican Philidor

François-André Danican Philidor (Dreux, França, 7 de setembro de 1726Londres, Inglaterra, 31 de agosto de 1795) foi o melhor jogador de xadrez de sua época, e também músico. Criou a ópera-cômica na França e compôs diversas outras óperas (entre as quais Tom Jones, Le Maréchal-Ferrant, Themistocle, etc.).
Philidor teve sua carreira musical como um dos músicos da corte do rei Luís XV da França . Entre os anos de 1750 e 1770 foi o principal compositor francês, tendo composto uma ópera e 21 óperas-cômicas.
Em dezembro de 1792, no entanto, aos 65 anos de idade, Philidor precisou deixar definitivamente a França e ir para a Inglaterra. Ele estava fugindo da Revolução Francesa (1789-1799), porque seu nome figurava na lista de banimento. Seu nome não foi incluído, provavelmente, devido às suas ideias políticas, porque Philidor era bastante reservado sobre suas opiniões para além da música e do xadrez .

Biografia de Gioacchino Greco

Gioacchino Greco (cerca de 1600, Calábria - 1634, Antilhas) foi o melhor jogador de xadrez do século XVII.
Em 1617 mudou-se para Lorena e começa a se tornar famoso depois de vencer quatro oponentes de uma só vez (simultânea). Em 1619 dedica ao Duque de Lorena um tratado sobre o jogo. Em 1622, em visita a Paris, consegue brilhantes vitórias sobre Arnault, La Salle e Nemous; depois desses feitos foi aclamado o melhor jogador da época. Em 1630 foi à Espanha e seguiu colecionando troféus, no ano seguinte veio para os EUA, onde morreu em meados de 1634.
Greco anotou algumas das primeiras partidas de xadrez registradas, 77 no total. Suas partidas, todas contra anônimos ("NN"), foram possivelmente montadas, mas são mesmo assim consideradas ferramentas muito úteis para o entendimento de armadilhas em aberturas. Entre suas partidas/construções temos este xeque-mate:
NN vs Greco 1620
  • 1.e4 e5
  • 2.Cf3 Cc6
  • 3.Bc4 Bc5
  • 4.O-O Cf6
  • 5.Te1 O-O
  • 6.c3 De7
  • 7.d4 exd4
  • 8.e5 Cg4
  • 9.cxd4 Cxd4
  • 10.Cxd4 Dh4
  • 11.Cf3 Dxf2+
  • 12.Rh1 Dg1+
  • 13.Cxg1 Cf2++ 0-1
com sacrifício da Dama:
Greco vs NN 1619
  • 1.e4 b6
  • 2.d4 Bb7
  • 3.Bd3 f5
  • 4.exf5 Bxg2
  • 5.Dh5+ g6
  • 6.fxg6 Cf6
  • 7.gxh7 Cxh5
  • 8.Bg6++ 1-0
Greco abriu o caminho para muitas das legendas da era Romântica do Xadrez, como François-André Danican Philidor e Paul Morphy .

Biografia de Ruy López

Ruy López de Segura (Zafra, perto de Badajoz, 1540 c. — Madri, 1580 c.) foi um padre e enxadrista espanhol cujo livro Libro de la invención liberal y arte del juego del Axedrez foi um dos primeiros livros de fundamentos do Xadrez na Europa. Ele estudou e viveu em Salamanca, sendo considerado por muitos o primeiro campeão mundial de xadrez não-oficial.
A Abertura Ruy López é assim denominada em sua homenagem. Essa antiga abertura, também conhecida como Abertura Espanhola, é empregada pelos mestres até nossos dias.

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